segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

30 DE JANEIRO - DIA DA SAUDADE

Saudade...

Saudade não tem cor, mas pode ter cheiro. Não podemos ver nem tocar,
mas sabemos o quanto é grande. Pode ser o sentimento que alimenta um
relacionamento amoroso ou apenas o que sobra dele. Pode ser uma
ausência suave ou um tipo de solidão. Pode ser uma recordação daquele
momento e daquela pessoa, que um dia, mesmo sabendo ser impossível,
ousamos querer reviver e rever. É a dor de quem encontrou e nunca mais
encontrará, de quem sentiu e nunca mais voltará a sentir. A saudade se
combina com outros sentimentos e procria-se. A soma da saudade com a
solidão é igual a Dor. O resultado da saudade com a Esperança é a
Motivação.

Saudade é uma só, em diferentes palavras. É comum encontrá-la grafada
nas lápides em alusão a dor da ausência provocada pela morte. Mas na
Literatura e na Música é um tema crônico. É quem arquiteta a estrofe e
conduz o tom. Não importa o gênero literário ou o estilo musical, não
importa o autor, a época ou a situação.

Casimiro de Abreu versificou sua saudade da infância: "Oh! que
saudades que eu tenho / Da aurora da minha vida / Da minha infância
querida / Que os anos não trazem mais!". Álvares de Azevedo antecipou
a saudade mortal: "Se eu morresse amanhã, viria ao menos / Fechar meus
olhos minha triste irmã / Minha mãe de saudades morreria / Se eu
morresse amanhã!". A poetisa portuguesa, Florbela Espanca, também
registrou sua saudade: "E a esta hora tudo em mim revive / Saudades de
saudades que não tenho... / Sonhos que são os sonhos dos que eu
tive...".

O Rock brasileiro transformou a saudade numa de suas bandeiras. Renato
Russo cantou: "nessa saudade que eu sinto / De tudo que eu ainda não
vi". Ainda nas canções de Renato: "dos nossos planos é que tenho mais
saudade". Entre o Rock e a MPB, Cazuza, declarou: "Saudade do que
nunca vai voltar / E dos amigos que se foram / Eu hoje estou com
saudade". Tom Jobim e Vinícius de Moraes compuseram: "Chega de saudade
/ A realidade é que sem ela não há paz...".

Saudade é um registro fiel do passado. É a prova incontestável de tudo
que vivemos e ficou impresso na alma. Ao confessarmos uma saudade, na
verdade, estamos nos vangloriando de que, ao menos uma vez na vida,
conhecemos pessoas e vivemos situações que foram boas, e serão eternas
em nossa alma. Nutri-la, é alimentar o espírito e a própria
existência.

Se há tantas e, ao mesmo tempo, tão imprecisas definições de saudade,
resta-nos apenas cultivá-la e alimentá-la com pensamentos, músicas,
perfumes, fotografias, lugares, fins de tarde e madrugadas. Saibamos
viver plenamente o presente, pois ele será a saudosa lembrança de
amanhã.

E para desejar a todos um Dia da Saudade cheio de boas lembranças, nos
apropriamos de um poema do grande Mário Quintana:

Saudade

na solidão na penumbra do amanhecer.
Via você na noite, nas estrelas, nos planetas,
nos mares, no brilho do sol e no anoitecer.

Via você no ontem , no hoje, no amanhã...
Mas não via você no momento.

Que saudade...

Mário Quintana

Fonte: www2.portoalegre.rs.gov.br

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